quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Meus tempos de criança

Cris, eu e Arnaldo, meus irmãos. Era bom estar no mesmo barco (literalmente).

Lugar mágico. Na maré baixa tínhamos duas praias e passávamos à pé de uma ilha à outra , na maré alta o mar tomava conta e fazia uma forte correnteza.


Meus tempos de criança foram incríveis. Brinquei de tudo o que se podia brincar, podia correr e me sujar, subir em  árvores e dar saltos acrobáticos para o mar. Andar de carrinho de compras sobre a ponte, correr com os cachorros sempre de pés descalços, pescar olhando as estrelas com a  linha amarrada no dedão. Comia bife, lasanha, camarão, feijão, maionese, mousse e pudim, tudo na mesma refeição, sabia lá eu o que eram calorias. Chupava manga até não ter um só dente sem fiapos, colocava sal na laranja azeda e um pouco de morango no chantilly. Fazia amigos com a mesma velocidade com que decorava seus nomes, em qualquer lugar, até na sala de espera do dentista. Pulava corda, elástico, jogava vôlei, queimada, taco, bolinha de gude, tudo na categoria café com leite, claro, e na rua! Nadava com os peixes e tinha fôlego para atravessar 50 metros de piscina por baixo d'água. Ralei incontáveis vezes os joelhos, cotovelos, a testa e o traseiro na tentativa de ser uma exímia patinadora. Cortei os pés e as mãos nas ostras das rochas e fui mordida algumas vezes pelos caranguejos. Fugia do vizinho com fama de mau (furador de bola) assim como tinha uma irresistível atração por "roubar" as carambolas de seu quintal. Morria de medo das histórias de assombração dos pescadores e mesmo assim não arredava o pé da fogueira. Nas idas ao jornaleiro podia escolher as revistas que queria e eu gostava muito dos almanaques, vinham mais histórias, nessas ocasiões havia também chocolates em forma de moeda e sorvete. De noite tinha crise de risos no quarto que era partilhado com meus irmãos e gostava muito de me auto-convidar para ir dormir na cama da minha irmã. 
Minha infância foi passada na ilha da Piedade/Gipóia e na rua 11 de Junho, na Carioca, em Angra dos Reis. Tinha direito também a passar férias na roça, em Formiga, MG, lugar onde nasci.


4 comentários:

  1. Muito bem vivida a sua infância.
    Presente pra deixar sempre saudade... e ser repassado aos pingos no futuro...
    Muito legal!
    Barco literal e tudo.
    Bem diferente da minha timidez na Rua Vitor Brito Bastos, 2254 da Boa Vista... entre outros lugares que vivi.
    Amei o seu desfecho ;)

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  2. Você nasceu em Formiga!
    Conheci Formiga há uns 12 anos atrás.
    Cidade pequena pacata,de MG, ótimo lugar para se criar filhos...
    Começando do lugar que nasceste, tu és uma felizarda por ter tido infância.
    Também não posso reclamar da minha...
    Sou do RJ.
    abç
    Orquidea

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  3. Que delícia Re!
    Muitas dessas coisas eu também fiz, só que no sítio da minha avó, no interior de SP. As crianças de hoje em dia nem pipa não conseguem soltar por falta de espaço, né? É uma pena não conhecerem tudo isso, esse mundo sem medos e mais independente que tínhamos. Consegue imaginar hoje em dia uma criança andando por aí sozinha, de pés no chão, topando o dedão o tempo todo? Não tem mais né?
    Adorei seu texto, principalmente por me lembrar de deixar meus filhos experimentarem e mesmo se ralarem mais... Isso também ficaria guardado nas boas lembranças deles, pois machucados de aprendizado e bagunça, são uma delícia...
    Obrigada pelo texto!
    Beijos!

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  4. Renata querida, amei o seu texto.Acho até que fomos vizinhas, será??? Mas uma coisa lhe digo, a infância que tivemos e que tentamos ao máximo passar aos nossos filhos são baseadas em momentos assim, de simplicidade, pureza e alegria de viver.Parabéns e um iluminado final de semana!!Super bjs,

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