terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ser criança na minha infância - Blogagem coletiva

Imagen via
Nasci em 1975. Ser criança na minha infância era principalmente brincar na rua. A liberdade de brincar de pés descalços era indescritível. As crianças deviam respeitar os mais velhos, pai e mãe (e tios, professores, padrinhos, qualquer adulto) eram chamados de senhor e senhora, pedíamos a bênção ao cumprimentá-los ou a despedir na hora de dormir. Não vou dizer que era melhor ou pior do que hoje, mas era o meu tempo, aquele de que vou me lembrar mesmo quando for velhinha, ou especialmente quando for velhinha. As crianças da minha infância gostavam de confeccionar seus próprios brinquedos, embora tivéssemos acesso a muitos brinquedos já prontos de fábrica. Os brinquedos "artesanais" preferidos eram: estilingue (ou fisga), pipa (papagaio), carrinho de rolimã, elástico, corda, desenhávamos no chão o caracol e a amarelinha. Os jogos mais praticados variavam conforme o clima. Havia os outdoor: taco, vôlei, peteca, queimada, e todos os tipos de piques possíveis e  imagináveis. E os indoor favoritos eram: jogos de cartas, desfile de modas, teatro de sombras, forca, adedanha. Também brincávamos com nossos brinquedos, mas o que mais gostávamos era de brincar com os vizinhos, e ainda bem que na rua onde morava o que não faltava era criança para brincar, de várias idades. Tomar banho de chuva era uma festa permitida e partilhada por todos, e roubar frutas do vizinho era feito em cumplicidade, shiu. Os brinquedos que mais gostava eram a bicicleta e os patins. Os bichinhos de pelúcia eram poucos, mas os usava para dormir, e as bonecas nunca brinquei muito.
Era um período de muitas mudanças políticas, vivíamos sob a tensão e o medo do dragão da inflação que nos fazia correr para o supermercado no dia que meu pai recebia o salário e comprar tudo o que precisaríamos para o mês visto que no dia seguinte o preço poderia ser aumentado. Sabíamos pouco sobre o mundo dos adultos, mas já podíamos participar de algumas conversas e decisões familiares, mas só de convidados, claro.
Muitas crianças tinham, algo que gostavam de colecionar, as coleções mais comuns eram: papel de carta, borracha cheirosa (nunca mais vi) e figurinhas, eu particularmente colecionava revistinhas (gibis). Na verdade não colecionava, mas tinha um montão que líamos e relíamos lá em casa. Refrigerante era servido em copinho de geléia de mocotó, um litro dava para todos e ainda sobrava. Os programas de televisão para crianças estavam no início, o que eu e todos gostávamos era do clube do Mickey, Daniel Azulay com a Turma do Lambe-lambe e dos Trapalhões (na tv e cinema). O Balão Mágico veio não só com os desenhos animados mas com suas músicas que alegravam as festinhas de aniversário. Os vídeos games estavam engatinhando mas eu já fazia a festa com o Atari do meu irmão. As crianças não se preocupavam com moda, peso, carreira... o que ocupava os nossos pensamentos era brincar e se divertir, e isso fazíamos muito bem. 
O tempo parecia nunca passar, os verões eram intermináveis à beira mar, as férias duravam o tempo suficiente para a gente sentir saudades da escola e os chocolates eram muito mais saborosos, sem dúvida. No fim do dia ouvia a voz da mãe gritando meu nome pela janela. Era hora de ir para casa, que de dia cheirava a produtos de limpeza, de tarde cheirava a bolo e de noite tinha cheiro de comidinha caseira, hummmm.


Uma iniciativa do blog Desconstruindo a Mãe. Vai lá ver o que outros blogs disseram sobre o assunto!

Em agosto postei sobre meus tempos de criança com foto, confere lá.


9 comentários:

  1. Adorei, Renata! Qual a criança que não adorava fazer pipa? Soltei muita pipa na minha infância.
    A infância era mais leve naquela época. A gente corria mais... Dá saudade né?
    Bjo e estou seguindo vc tá?

    ResponderEliminar
  2. OI Ranata,
    amei relembrar alguns momentos da minah própria infância aqui. Também adorava tomar banho de chuva, brincar na rua com os pés descalços. E soltar pipa? Nossa, tudo de bom.
    Lembrei também do dragão da inflação das idas ao supermercado com a minha mãe e dos carrinhos cheios que tinha que durar o mês todo.

    Essa blogagem está maravilhosa.

    beijos
    Chris
    http://inventandocomamamae.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  3. Oi Renata, nossa me lembrei das 4 pastas cheias de papéis de carta q eu tive, ai que delícia que era trocar com as amigas...
    Que tempo bom neh??
    Bom é que a gente guarda com carinho!

    Super beijo
    Adorei seu blog

    ResponderEliminar
  4. Como é bom né Re? Relembrar os velhos tempos!!!

    Post deliciosa...

    Bjus...
    Débora

    ResponderEliminar
  5. Renata... conseguiste me fazer sentir o cheiro das borrachas agora!!! Todo o post me emocionou muito porque adorei o jeito como foi escrito, muito verdadeiro e sem apologia a nada, apenas falando como se estivéssemos conversando pessoalmente. Amei!

    Poder pensar sobre tudo isso nos dá leveza, ao mesmo tempo que nos chama pra observar até que ponto estamos criando filhos para o mundo ou para a individualidade, presos em redomas tecnológicas! - Redomas nas quais estamos muito envolvidas, claro, olha a gente aqui blogando!!!

    Acho que essa blogagem é um sucesso justamente por isso, por permitir múltiplas análises e que não fiquemos apenas nas palavras ao vento, porque é possível ser diferente do que tentam que a gente seja como mãe, ou que sejam como crianças os nosso filhos.

    Beijo,
    Ingrid

    ResponderEliminar
  6. Oi Renata!
    Que delicia de post!!
    Eu amava colecionar papel de cartas e tinha varias borrachas coloridas...
    Adorei esta blogagem coletiva.
    Banho de tanque e de chuva era tudo de bom mesmo, ne?!
    Obrigada pelo carinho la no blog
    Bjks mil

    http://blogdaclauo.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  7. Oi Renata! Muito prazer! Adorei conhecer seu blog!

    Você me trouxe uma lembrança imediata falando de papel de carta. Eu não tinha coleção, mas tinha um que eu ganhei de uma amiga e adorava, era uma família mafiosa com personagens estilo Precious Moments... rsrsrs. Nem sei que fim levou...

    Acho que minha memória é pouco visual mesmo. Não me lembro dos rostos das pessoas, mas lembro da voz e do cheiro. Muito interessante olhar por essa perspectiva... Obrigada pelo novo enfoque!

    Bjs!
    Ia

    ResponderEliminar
  8. Daniel Azulay.. você me lembrou um clássico que não mencionei no meu post. Mas eram tantos... a infância é repleta de doces lembranças.

    Algodão doce pra você!
    Paulo
    incubandoideias.blogspot.com

    ResponderEliminar
  9. Oi Renata! Vim retribuir sua visita e ler sua participação na blogagem! Vc lembrou de várias coisas que também vivi e esqueci de mencionar, como os banhos de chuva, os papéis de carta, os gibis... adorava, tinha uma coleção enorme!
    Ah, e aproveito para desejar um feliz aniversário pra vc!
    beijos
    Sarah
    http://www.maedobento.blogspot.com/

    ResponderEliminar

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...